Nenhum clube de futebol do Brasil, entre os filiados às federações vinculadas à Confederação Brasileira de Futebol, tem na sua história uma vinculação familiar tão acentuada como acontece no América FC/RN. Entre os quase 50 desportistas que passaram pela presidência do clube rubro, nada menos de 10 estavam dentro da linhagem de pai, filho e sobrinhos. O que pode ser considerado curioso é apenas a coincidência, até porque seu coirmão ABC FC, fundado com uma diferença de apenas alguns dias um do outro, jamais teve entre seus presidentes, pai e filho, mesmo distante um período do outro. Numa única vez os laços familiares na condição de irmãos aconteceu no ABC: foi nas administrações de Felizardo Moura e Firmino Moura, este ocupando o cargo alguns anos depois, dada a condição de ser mais moço. Felizardo é falecido, o irmão Firmino está vivo, embora há muito recolhido ao lar devido problemas de doença.
Ainda dentro do ABC, há um discreto laço familiar entre os primos João Ferreira de Souza e Tupã Ferreira de Souza e ex-prefeito de Natal, Gentil Ferreira de Souza, todos presidentes em períodos relativamente não tão distantes, entre os anos 40 60. Na verdade, o caso ao que parece único numa federação brasileira está no América. O primeiro pai a assumir a presidência e, mais tarde um filho aconteceu em 1944/45 quando Humberto Nesi presidiu o América. Tempos depois, no início dos anos 90 foi a vez do seu filho, Fernando Nesi, com o detalhe de que, aborrecido com alguns acontecimentos internos no clube (alienação da Pousada do Atleta), Fernando Nesi renunciou à presidência, mas continuou posteriormente colaborando nos esportes amadores, chegando a ser presidente do Conselho Deliberativo.
Em 1953, foi a vez de ser eleito o empresário Miguel Carrilho, tendo depois seu filho, Marcílio Carrilho sendo eleito, e ainda com uma inesperada renúncia. A diferença é que o filho Carrilho passou apenas três meses no cargo, ao que parece renunciando por não se sentir devidamente preparado para lidar com problemas tão difíceis de solucionar, como são os gerados pelo futebol profissional. “A matéria prima do futebol são os profissionais da bola, e nesse ramo de atividade eu não tenho qualquer experiência”, teria dito Marcilio Carrilho ao apressar sua saída antes de tempo.
Em 1961 foi a vez de ser eleito o então jovem pediatra Heriberto Bezerra, período relativamente fácil (ou menos difícil) de administrar porque o América estava afastado do futebol). Levado pela necessidade de construir sua nova sede social, o clube aproveitou um desentendimento fácil de contornar, junto aos dirigentes da FNF, e usou até como pretexto para “respirar” um pouco nas suas finanças, anunciou o licenciamento por prazo indeterminado. Na verdade, durou seis anos, ou seja, de 60 a 65. O filho do médico Heriberto Rocha, engenheiro Cláudio Bezerra fez parte de uma Junta Governativa que assumiu com a renúncia de Fernando Nesi, acabando a Junta por concluir a missão tendo apenas Cláudio na presidência. Mas, cheio de problemas para resolver, Cláudio também renunciaria para assumir Marcos Cavalcanti. Este, alegando motivo de doença, deixou a presidência. No item, renúncia, nenhum clube supera o América/RN.
Na sequência de sucessão familiar no América/RN, chegou a vez dos Rocha, inicialmente com José de Vasconcelos Rocha no começo dos anos 70, uma administração das mais progressistas, inaugurando o bonito parque aquático da sede da Rodreigues Alves, criando a escola “Guri Americano” aproveitando parte da sede velha da rua Maxaranguape, chegando a ter quase 500 alunos. Foi na administração de Rocha que o time do América foi jogar em São Januário valendo a Série A, derrotou o Vasco da Gama por 1x0, jogo disputado em setembro de 75, resultado que ficou histórico devido a zebra que fez o agricultor Miron ganhar CR$ 5.500.000,00 na Loteria Esportiva. Encerrando o ciclo familiar no clube rubro, foi a vez de Eduardo Rocha assumir, tendo passagem das mais elogiadas, até pelo fato de ocupar a presidência do clube quando o América retornou à Série “A” em 96, enquanto seu antecessor, José Maria Figueiredo ficava com o título de presidente campeão estadual daquele ano. Ressalte-se que Eduardo Rocha passou o cargo para Roberto Bezerra, sobrinho de Heriberto Bezerra, além de irmão de Ricardo Bezerra, hoje vice de futebol. Claudio e Heriberto são ex-presidentes.
sábado, agosto 18, 2007
No América a presidência virou uma tradição de família
às 23:47
Marcadores: América/RN
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